domingo, março 08, 2009

Ligada à terra...

Tarde de sol dedicada à terra e ao rio...


Sou Filha das Ervas (Amália Rodrigues)

Trago o alecrim,
Trago o saramago,
Cheira-me a jasmim
O resto que trago.
Trago umas mezinhas
Para o coração
Feitas das ervinhas
Que apanhei no chão.

Sou filha das ervas,
nelas me criei
comendo as azedas
todas que encontrei.
Atrás das formigas
Horas que passei,
Sou filha das ervas
E pouco mais sei.

Rosa desfolhada
Quem te desfolhou,
Foi a madrugada
Que por mim passou.
Foi a madrugada
Que passou vaidosa,
Deixou desfolhada
A bonita rosa.

Ramos de salgueiro,
Terra abrindo em flor,
Amor verdadeiro
É o meu amor.
Papoila que gira
No trigo doirado,
Menina bonita,
rainha do prado.




Lavava no Rio, Lavava (Amália Rodrigues)

Lavava no rio, lavava
Gelava-me o frio, gelava
Quando ia ao rio lavar
Passava fome, passava
Chorava, também chorava
Ao ver minha mãe chorar.
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Cantava também, cantava
Sonhava, também sonhava
E na minha fantasia
Tais coisas fantasiava,
Que esquecia que chorava,
Que esquecia que sofria.
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Já não vou ao rio lavar
Mas continuo a chorar,
Já não sonho o que sonhava
Se já não lavo no rio,
Por que me gela este frio
Mais do que então me gelava?
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Ai minha mãe, minha mãe
Que saudades desse bem
Do mal que então conhecia,
Dessa fome que eu passava,
Do frio que me gelava
E da minha fantasia.
---
Já não temos fome mãe
Mas já não temos também
O desejo de a não ter.
Já não sabemos sonhar,
Já andamos a enganar
O desejo de morrer.




... as nossas raízes tem mesmo que ser cuidadas!

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